quarta-feira, 30 de setembro de 2009

"Highlander"

Fernando Collor se tornará imortal, unindo-se á José Sarney nessa qualidade. No entanto, esta notícia, já meio velha, não é tão significativa assim, afinal, Getúlio Vargas também conseguiu se tornar imortal ("entrar para a História", como queria em sua carta de suicídio) sem ter publicado um só livro.

Contudo, não posso evitar de me lembrar de Raymundo Faoro quando vi essa notícia, afinal, Faoro demonstrou em seu, hoje antológico, livro Os Donos do Poder que há anos uma classe de burocratas controla o poder, criando uma espécie de circuito fechado, algo como um clube. Esse estamento, como diz Faoro, controla o poder público há muitas luas (ou legislaturas, se preferir) agindo sempre em função de seus interesses próprios.

Muitos outros senadores são imortais sem no entanto serem filiados á ABL. Estão no Senado á séculos, sem com isso possuirem barbas bíblicas. Só o que possuem, afinal, são contas obscenas.

Imprensa ontem e hoje

Pesquisando outro dia os jornais das primeiras décadas do século passado, da excelente Hemeroteca Antônio Mello Júnior do Arquivo Municipal Dr. Félix Guisard Filho, me deparei com a notícia de um Congresso de Imprensa Regional que aconteceu entre 14 e 15 de novembro de 1928, em Caçapava e Taubaté respectivamente.

A finalidade do Congresso era clara: reunir os jornalistas do interior do Estado em torno de uma espécie de sindicato e promover uma maior interação desse "sindicato" para com a sociedade. Na segunda sessão, realizada em Taubaté, tais objetivos puderam ser definidos. Criou-se a Associação Norte-Paulista de Imprensa e apenas alguns dias depois ela já começou o seu trabalho coletando todos os números de todos os jornais de região para criar uma espécie de banco de dados. Se essa idéia frutificou não posso dizer ao certo porque ainda não me aprofundei nessa pesquisa.

Observando esse quadro vemos os primórdios da organização do ofício do jornalista em nossa região. Ofício esse introduzido, segundo a maioria dos historiadores, na segunda metade do século XIX e aprofundado com a riqueza do café e difundido pelo desenvolvimento do centro urbano. Em uma população de pessoas pobres, oriundas do campo e com um baixo nível de alfabetização é o caso de se questionar quem liam esses jornais. No entanto, a imprensa era, naquele momento, o melhor espaço para o debate político, seja pela sua simplicidade, seja pela falta de outros meios para isso.

A imprensa, porém, não era só espaço de exercício da cidadania, mas também a criadora de cidadania, uma vez que a maioria dos redatores e diretores dos jornais da cidade desejavam instruir a população, "civilizá-la". A imprensa fazia parte, portanto, de um projeto modernizador das elites locais, como bem foram em outras regiões do país e de América Latina, que na verdade era um processo de "civilização" para seus operadores. Essa concepção da imprensa como canal disciplinatório está implícito nos próprios editais de anúncio e comemoração do Congresso e nos discursos de seus oradores.

Olhando para os jornais atuais eu me pergunto se essa concepção continuou. Em alguns, nitidamente sim, em outros, ela está muito diluída. Não sei se por falta de recursos para tanto ou por falta de interesse mesmo. No entanto, os jornais atuais tem seus defeitos e suas qualidades.
Comparados com os jornais do começo do século XX, os quais o que mais predominava eram notícias do município geralmente relacionadas á política, os de hoje são muito mais abertos e diversificados. Há muitos que reclamam disso, que por serem cosmpolitas demais perdem a sua função que é informar a comunidade sobre o que acontece nela. A razão disso pode ser o contexto em que vivemos: afinal estamos em um mundo globalizado no qual a velocidade da informação é tanta que mídias tradicionais como o jornal correm risco de desaparecerem.

Avaliar um jornal de hoje em função de um da década de 1930 parece inevitável para qualquer observador da sociedade, porém, para o historiador fazer tal feito significa cometer um dos pecados capitais do ofício: anacronismo. Afinal, tudo que for estudado e avaliado tem que levar em conta o contexto em que tal objeto está inserido; seja na República Velha das oligarquias regionais ou no Brasil atual das multinacionais e multimídias, o contexto explica muito o caráter do que foi produzido nele.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

América Latina em transe

Para quem acompanha os noticiários o nome Zelaya já é bastante familiar. Desde que Manoel Zelaya foi deposto da presidência de Honduras pelas Forças Armadas, a Suprema Corte e o Congresso em 28 de junho não se fala em outra coisa. A proporção de notícias sobre o hondurenho aumentou quando este decidiu voltar ao seu país e se abrigar na embaixada do Brasil.
O caso de Honduras é um prato cheio para os jornalistas, mas pode ser um prato maior ainda para os professores de História. Ora, Honduras está inserida num contexto mais amplo que é a moderna configuração da América Latina. A partir dos anos 90 assistimos a hegemonia do neoliberalismo na América do Sul, maiores exemplos são o próprio Brasil e a Argentina. No entanto, com o começo do novo milênio a situação muda e parecem surgir em diferentes países governos mais populares e/ou populistas como alternativa ao neoliberalismo. O processo de consolidação desses governos é conflituoso, como vimos na Venezuela com Chávez e os golpes militares que o depuseram, até por conta de seu caráter populista (aliás, foi uma consulta popular para fazer mudanças na Constituição que motivou a crise em Honduras).
Ou seja, estamos assistindo, acompanhando nos jornais e na internet, esse processo. A necessidade de explicá-lo não pertence somente aos jornalistas, mas principalmente aos professores de História. Tanto a atual situação pode chamar a atenção dos alunos para o estudo da História da América Latina, como o momento histórico anterior (muito similar ao atual em algumas partes como o populismo e o golpismo) pode levar eles a se interessar pelo contexto atual. O professor pode estimular esse interesse trazendo notícias da situação seja em Honduras ou na Venezuela para os alunos, pedindo para relacionar os governos de hoje com os de 50 anos atrás ou incentivando a reflexão sobre os pontos principais da História da América Latina.
Mas sempre com o cuidado de não sacrificar a História para entender o presente. O ensino não pode desprezar a complexidade dessa parte do continente tão rica a favor de uma história mais didática. Podemos sim fazer os alunos entenderem que essa é uma história complexa, sem no entanto fazê-los perder o interesse pelo assunto, dando ênfase á certos países e disponibilizando informações sobre outros para os mais interessados.
É... afinal, o golpe em Honduras serviu para alguma coisa.

Nu pedagógico

No próximo dia do professor ocorrerá um protesto contra o governo na Praça da República, em frente á Secretaria de Educação, em São Paulo. Até aí tudo bem, no entanto é a maneira como irá se protestar que se destaca: os professores e diretores da rede pública irão ficar pelados.
Se o que eles querem é chamar a atenção de todos acho que eles conseguirão, agora atender suas reivindicações...
Ao que tudo indica esse é mais um típico episódio da História do Brasil, a maior chanchada do planeta Terra.

Aqui está o link da notícia: http://br.noticias.yahoo.com/s/29092009/25/manchetes-educadores-planejam-nu-coletivo-ato.html

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Quantidade x Qualidade

A determinação do Ministério da Educação de diminuir os anos de formação dos professores de História de quatro para três anos é lamentável. Mais lamentável ainda é a Universidade de Taubaté, adotando essa determinação, aumentar o número de disciplinas para o curso.
A atitude da Unitau de introduzir novas disciplinas no curso é louvável, mas não nesse contexto, no qual a carga horária foi diminuída. Acho que a pergunta é imperativa: será que os futuros professores vão conseguir guardar todas essas matérias em um número tão pequeno de aulas? Mesmo sendo de uma geração que não foi contemplada com essa medida, as dificuldades para aprender tanta coisa em tão pouco espaço de tempo não são pequenas.
Por sua vez o Ministério Público também não parece se importar com a qualidade do curso ao diminuir sua carga horária, afinal ele está mais preocupado com o número de professores na ativa, motivo, aliás, de tal medida. Logo, para o governo se faz necessário ter um batalhão de professores. Com certeza o número de professores é baixo, mas aumentá-lo bruscamente diminuindo a sua carga horária não é uma medida imediatista e, como a História ensina, medidas imediatistas não estão fadadas ao fracasso? Reformulo a minha pergunta: O que é melhor, mil professores medíocres na ativa ou cem professores bons na ativa?
Concluindo, essas duas atitudes simbolizam a eterna luta entre a quantidade e a qualidade, na qual, no nosso caso, a quantidade saiu vencendo. Para atender uma lógica de mercado criou-se uma pseudo-profissionalização. Estamos diante de uma dança das cadeiras na qual os profissionais no verdadeiro sentido da palavra são os primeiros a sair.

História de Taubaté III


A C.T.I. acompanhou a primeira fase de industrialização do Vale, fase essa na qual as indústrias têxteis tiveram peso preponderante. Graças á suas boas condições de transporte e mão-de-obra e o desenvolvimento da indústria de base em São Paulo expulsando as indústrias têxteis para a periferia do Estado, a indústria têxtil se conoslida no Vale. Grandes exemplos são a Sociedade Anônima Jacarehy Industrial, Malharia Nossa Senhora da Conceição S/A, Companhia de Fiação e Tecelagem Caçapava e etc.
A C.T.I. sofreu algumas dificuldades no seu início, fruto das instabilidades políticas e financeiras da implantação da República. Entre elas podemos citar as mais significativas: a República libertou os estados do jugo centralizador imposto pelo Império para evitar separatismos e adotou uma política financeira que tentava financiar a industrialização e ao mesmo tempo resguardar os interesses de certos grupos econômicos.
A primeira teve como consequência uma luta de oligarquias regionais pelo poder que nos primeiros anos do novo regime resultou numa verdadeira anarquia, a qual os governos militares tentaram controlar. A situação só foi melhorar com Prudente de Moraes, mas foi Campos Sales que conseguiu achar uma fórmula perfeita: o desvinculamente do poder federal, que agora passaria a ser só administrativo, do poder estadual e regional, que agora passaria a ser só político. Essa é a famosa Política dos Governadores.
A segunda resultou nas políticas de valorização do café como o Convênio de Taubaté em 1906, onde se determinou que o governo compraria os estoques de café desde que os fazendeiros parassem de se expandir, e em negociamentos da dívida externa, como o Funding Loan, no qual o Brasil conseguia adiar o pagamento da dívida externa por tres anos. O país atravessou muitas crises, por conta da natureza do comércio do café (altamente especulativa) e por algumas políticas financeiras desastrosas como o Encilhamento (permissão aos bancos para imprimir papel-moeda que resultou na inflação).
Mas a C.T.I., seja por meio de empréstimos com os bancos da capital ou por empréstimos com firmas estrangeiras, conseguiu se consolidar, mesmo sendo a política financeira da época bem desfavorável á indústria. Em alguns anos, Félix Guisard, um de seus fundadores e futuramente gerente, assume a diretoria da fábrica. Este inicia a realização de várias obras de assistência á massa de operários, como colônia de férias em Ubatuba, ambulatórios, jogos de futebol e etc. A fábrica de Guisard também opera um remodelamento do espaço urbano ao criar as vilas operárias. Ou seja, a fábrica inaugura um projeto de racionalização (com a criação de habitações padronizadas) e de responsabilidade social (beirando o paternalismo e o assistencialismo de outrora).
Seguem o exemplo da grande indústria têxtil de Taubaté outras que se instalarão depois como a Companhia Juta Fabril (que produzia sacaria para o café e alimentos) de Mário Audrá e a Corozita (fábrica de botões) de Gino Lafranschini. Taubaté, aos poucos atrai mais invenstimentos e concentra mais serviços. Na década de 1910 podia se orgulhar de ser uma das mais urbanizadas do Vale paulista.
Com a Primeira Guerra Mundial, como aponta Warren Dean, a indústria nacional teve um grande avanço em vista da ausência de seu maior rival: as firmas estrangeiras. Quando a guerra acaba e o governo federal decide diminuir a tarifa alfandegária para os produtos estrangeiros, os industriais, agora fortes e conscientes da sua força, tentam barrar essa medida e conseguem. As crises do setor cafeeiro na década de vinte abriram caminho para que essa classe conseguisse o apoio do governo nas importações de maquinário.Com novas máquinas a qualidade dos produtos cresce e se torna um grande concorrente dos produtos estrangeiros.
Politicamente, Taubaté era predominante vinculada á elite cafeeira e essa elite era vinculada ao Partido Republicano Paulista, praticamente o único existente em S.Paulo até 1926 quando surgiu o Partido Democrático, de uma orientação, como se vê, conservadora. O grande dissidente nacional dos Partidos Republicanos federais, sede das oligarquias, era a Aliança Liberal, formada em 1929 por uma coligação de oligarquias regionais descontentes com o predomínio de S. Paulo, membros da recém-nascida classe média e grandes setores do exército preocupados em estabilizar o governo. Em vista dos fracassos da política econômica da República Velha e as grandes transformações acontecidas durante a década de vinte, a Aliança Liberal toma força e chega ao poder por meio de um golpe.
Extremamente ligado á lavoura, Taubaté segue o coro dos grandes partidos paulistanos e protesta contra o governo revolucionário, que quebrou a hegemonia desse grupo social no poder federal. O clima de descontentamento vai gerar uma guerra para restituir o poder ao presidente eleito (paulista) legalmente. Essa vai ser a Revolução Constitucionalista de 1932, na qual Taubaté participou enviando vários voluntários para invadirem o Rio de Janeiro nos Batalhãos Jacques Félix, Batalhão Major Paranhos Belo e outros, e se tornando ponto estratégico para o acampamento das tropas vindas de São Paulo. O plano dos constitucionalistas eram invadir a capital descendo a serra por Cunha, no entanto, os legalistas descobriram e os encurralaram antes mesmo da descida. Lá começou uma ferrenha guerra, na qual os batalhões do Vale e de S. Paulo foram derrotados. Vargas, com medo de outro levante, concede certos benefícios aos paulistas, como um interventor oriundo da própria aristocracia paulista e definindo eleições futuras para acabar com o clima de iconstitucionalidade.
Vargas inaugura uma política corporativista, na qual os trabalhadores são controlados pelo Estado, ao invés de serem massacrados como acontecia nas greves na República Velha. Os industriais também se tornam alvo da política conciliatória de Vargas, por isso ele faz uma série de medidas a seu favor. No Vale o que vemos é a consolidação das indústrias têxteis, mesmo que as indústrias se concentrem em certas cidades, São José dos Campos por exemplo era uma estância para tuberculosos. No entanto, Vargas também planejava dinamizar a região, devido a sua posição estratégica ela poderia futuramente abastecer a Capital Federal. Por isso uma comissão foi organizada para elaborar um plano de reerguimento econômico do Vale, inspirado nos planos feitos pelo presidente Roosevelt nos EUA.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

História de Taubaté II

Com o perdão do atraso da postagem, continuo aqui a nossa "pequena" apresentação da História de Taubaté:


1810 é o ano da chegada da Família Real portuguesa ao Brasil, de certo um divisor de águas para a história do país. Para o Vale tal acontecimento representou uma reativação do Caminho Real e uma nova fase para a exportação de seus produtos. Taubaté, por estar situada no Caminho e produzir feijão, farinha e açúcar, adquire um novo status de entreposto, agora como uma das vilas que abastecia a Corte no Rio.
Enquanto isso, uma planta exótica trazida por um aventureiro das Guianas que há algumas décadas tem se expandido do Maranhão até o Espírito Santo chega finalmente ao Rio de Janeiro. É o café. Na época fazia parte das roças, não era nada mais que um produto de subsistência, por causa do clima e do solo desfavoráveis ao seu cultivo na Baixada Fluminense. Mas quando o café é introduzido nas terras férteis, extensas do Vale do Paraíba, de regime pluvial moderado, ele se torna um verdadeiro produto de exportação.
A facilidade para se conseguir terras na região (a maioria ainda não ocupadas ou devolutas), unida a concentração de mão-de-obra escrava usada nos seus engenhos e a infra-estrutura (comércio, roças, tropeiros e caminhos) herdada tanto do ciclo da cana como da mineração ajudaram bastante.
Unem-se ás boas condições do Vale, a necessidade do Brasil, em 1822 independente da Metrópole e já com uma dívida externa enorme graças á idenização que D. Pedro I fez á Portugal e Inglaterra para reconhecerem sua independência, de se reerguer economicamente; a mentalidade (colonial) agro-exportadora; a demanda do produto, glamourizado, na Europa. Celso Furtado demonstra muito bem que no começo do século XIX tudo colabora para a continuidade da atividade agro-exportadora: o Brasil não estava suficientemente grande para atrair mais investidores, não havia mercado nem equipamento para a instalação da indústria nacional (graças á Inglaterra que barrava a exportação de máquinas para cá).

A principal razão para se recorrer a empréstimos após a primeira safra é justamente decorrente da natureza altamente precária da produção do café e da grande especulação financeira em torno de sua comercialização. O cultivo do café no decorrer dos anos enfrentou pouca modificação, continuou do mesmo modo, sem análise química do solo ou máquinas capazes de descascar o grão. Quanto ao segundo ponto, a maior parte dos compradores do produto eram as companhias de comércio estrangeiras que ainda estavam sob o efeito da Lei de Say, bem como da Teoria das Vantagens Comparativas de Ricardo.
Para compensar a baixa produtividade os cafeicultores expandiam mais a área de plantio e contraiam mais empréstimos. No entanto, como o mercado oscilava muito, quase sempre eles ficavam com um grande estoque a mais ou menos. Essa instabilidade do mercado fez com que os fazendeiros recorressem ao Estado, entrando na política principalmente para proteger seus interesses, característica mais peculiar dessa nova classe, como bem salienta Celso Furtado.O governo imperial colaborou com isso ao tentar capturar o apoio dos fazendeiros seja com títulos de nobreza, a última coisa que faltava para regulamentar seu status (um bom exemplo é o grande fazendeiro José Francisco Monteiro que após ter enviado alguns de seus homens para a Guerra do Paraguai recebeu o título de Barão e posteriormente Visconde de Tremembé), ou com a nomeação de muitos deles para gabinetes, como é o caso de Antônio Moreira Barros, fazendeiro que se tornou Conselheiro do Império. Era interessante para o governo seu apoio visto que a formação do Império foi permeada de pequenas insurreições e revoltas regenciais (todo apoio é preciso, afinal) e, principalmente, pelo peso econômico que representavam.
Com o tempo, os fazendeiros ficaram hábeis nesse jogo político, apoiando certas campanhas do governo e, assim, obtendo dele certos recursos para os seus negócios. Foi assim que conseguiram que se construísse uma ferrovia no Vale para melhorar o transporte do café. Embora a empresa que construiu a Estrada de Ferro Central do Brasil fosse estrangeira, foi o governo que concedeu o contrato para a construção da ferrovia e determinou onde eles a construiriam, segundo os desígnios dos cafeicultores.
Não podemos nos esquecer ainda que a lavoura cafeeira se fundamentava no trabalho escravo, portanto, a baixa produtividade também era compensada com a compra e o tráfico, principalmente, de escravos. Com o tempo, as fazendas se tornaram extensíssimas e a população de escrava enorme. Para manter essa população sobre controle, uma vez que ela é fundamental, criaram-se certos dispositivos como o paternalismo e/ ou o autoritarismo.Não podemos nos esquecer também dos homens livres pobres (conhecidos como caipiras) que também trabalhavam nas lavouras, só que temporariamente (derrubando a mata, limpando o terreno com queimadas, construindo senzalas etc). Além destes, há também aqueles que transportavam o café até os portos do Rio e de Santos em mulas (os famosos tropeiros) e os que enriqueceram vendendo produtos no decorrer dos seus caminhos (os vendeiros). É importante salientar que essa população também era alvo do poder dessa elite, através das velhas relações de compadrio, por serem importantes para o abastecimento das fazendas e para o transporte do café. A situação de penúria em que se encontravam fez com que criassem e abraçassem toda essa engrenagem da economia cafeeira.
A pobreza em grande parte era motivada pelo café, pois, todo tipo de atividade econômica alternativa ao café era duramente controlada e ás vezes desmobilizada pelos cafeicultores. O governo tentou em 1860 implantar o algodão no município de Taubaté como parte de um plano para diversificar a economia local e diminuir essa pobreza, no entanto, os fazendeiros foram decididamente contra e impediram a realização desse projeto.
Como podemos ver, toda uma “maquinaria” foi construída ao redor do café de modo a racionalizar e melhorar a sua produção e comercialização (desde o controle sobre os escravos até o controle sobre o governo, do caipira ao comissário de café) , em contraposição alguns aspectos primários não foram alterados como as técnicas de cultivo da terra e a pobreza local.
No entanto, e isso é bom lembrar, a produção do Vale paulista levou muito tempo para superar a do Vale fluminense, o pioneiro da região. Vassouras foi o maior centro cafeeiro até a década de 1850. Taubaté começou a se destacar na produção nas décadas de 1840 e 1850, chegando ao pódio na década de 1860. Depois disso a cafeicultura no Vale entrou em uma crise produtiva, enquanto no Oeste Paulista ou Planalto Paulista o café caminhava para seu apogeu.
Também é importante destacar isso: a oposição entre Oeste Paulista e o Vale como se fosse uma metáfora entre o moderno e o conservador. O Vale entrou em uma profunda crise produtiva por causa da conjunção de fatores conjunturais (infertilidade do solo, instabilidade do mercado internacional no final do século, erosão, Abolição, Proclamação da República) e estruturais (a agricultura rudimentar, a obstrução de novas atividades econômicas pela grande lavoura, a ocupação predatória do solo etc.), enquanto os cafeicultores do Oeste tiveram mais capacidade para se expandir e se adaptar.
No Brasil do Segundo Reinado não existe uma divisão bem nítida entre conservadores e liberais, até porque na prática eram todos liberais. Esse denominador comum foi atingido graças á política de conciliação do governo imperial, com medo de que as disputas políticas se radicalizarem colocando o país de novo no clima de revoltas do período regencial. O Vale se tornou alvo-maior dessa política principalmente pelo seu peso ecônomico e por ter sido palco justamente de uma Revolução Liberal em 1842 liderada pelo fazendeiro Joaquim Breves. O trauma de uma nova revolta fez com que o governo patrocinasse conciliações na região de modo a preservar as estruturas e os grupos de sempre.
Taubaté foi privilegiado foco desta ação do governo, não só porque durante a revolta de 1842 sua elite se manteve fiel ao governo, mas porque ela representava um dos maiores centros produtores locais. Uma amostra da "gratidão" do governo federal para com Taubaté é justamente ter elevado-a á cidade em 1842. Contudo, o conservadorismo também foi favorecido pela mentalidade escravocrata a qual via a imensa massa de escravos sempre com medo de insurreições, que se demonstraram concretas em 1842, nas decádas de 1860 e 1880, devido a intensidade da campanha abolicionista.
Os fazendeiros taubateanos, infiltrados no poder, tentam adiar a Abolição no nível federal, enquanto localmente promovem uma emancipação gradual, assim evitam um fluxo em massa de escravos livres, possíveis "distúrbios na paz" e ganham tempo até descobrirem uma nova alternativa. Alternativa essa que era o imigrante, seja ele açoriano ou italiano (este sempre visto com desconfiança pela população local graças aos relatos sobre o anarquismo nas capitais). O projeto dessa elite era construir colônias agrícolas particulares para que os imigrantes trabalhassem em terras pouco produtivas de modo a valorizar esses terrenos. Isso explica porque Quiririm, a maior colônia agrícola de Taubaté, se constituiu numa área cheia de brejos.
Mesmo com a crise produtiva, o café continuou sustentando Taubaté por um bom tempo. Os cafeicultores, em vista do contexto, diversificam seus investimentos, sendo acionistas e fundadores, inclusive de pequenas fábricas e indústrias. O Visconde de Tremembé, por exemplo, era fundador da Companhia de Gás e Óleos Minerais, responsável pela iluminação da cidade. Nessa época se sobressaem a pecuária e os gêneros alimentícios (principalmente o arroz e o feijão).
A cidade, que até então se constituia um apêndice do campo onde os desclassificados da lavoura (caipiras, viúvas, escravos libertos, comerciantes) residiam justamente por causa de sua condição, começa a sofrer um processo de adensamento com as imigrações e a Abolição. Um processo de urbanização, racionalizado como exigia a época, será imperioso. Esse processo será capitaneado, por isso mesmo, pela elite taubateana.
A elite taubateana era formada por diversos grupos sociais que por não obterem força suficiente para se sobressair um ao outro, viviam uma relação de simbiose. Temos, em primeiro lugar os cafeicultores, depois os comerciantes (há anos enriquecendo com a venda das mercadorias da região), os profissionais liberais (oriundos em boa parte da primeira classe abordada) e os quadros da Igreja Católica. Os cafeicultor tinha os recursos e os status, mas seu poder era limitado pelo poder de outro cafeicultor; os comerciantes tinham pouco recursos, mas não tinham status; os profissionais liberais tinham certo status, mas não os recursos suficientes; a Igreja aglutinava a população, mas não tinha muitos recursos.
Herdou-se da escravidão, o medo pela insurreição e a necessidade de controlar a população. Ou seja, as relações advindas da escravidão, tais quais o paternalismo e o autoritarismo, continuaram na cidade com a República. Essa necessidade de disciplinar o povo pode ser observada principalmente no Instituto de Lavoura e Comércio que alfabetiza e profissionalizava os moradores pertos de sua sede, o Convento Santa Clara.
As condições em Taubaté agora eram favoráveis á outra atividade econômica: a indústria têxtil. A cidade tinha uma boa infraestrutura, um grande contigente de mão-de-obra ociosa, proximidade com grandes centros urbanos e portos, facilidade de transporte ao ser cortada pela Central do Brasil e gente disposta a enriquecer com algo promissor. Félix Guisard, gerente de uma fábrica carioca, observou bem esses aspectos e decidiu abrir sua fábrica de tecidos aqui. Em 1891 ele funda a Companhia Taubaté Industrial (C.T.I). Percebe-se como a implantação da indústria na cidade foi mais uma vez fruto de uma conjunção de fatores locais e extra-locais: Fábio Ricci nos mostra como entre os seus acionistas e fundadores estavam, além da família Guisard, companhias locais e companhias inglesas. Ricci ainda nos mostra que o café ajudou ainda a financiar a industrialização do Vale: uns dos maiores acionistas eram cafeicultores.

(continua...)

Contudo, algumas dificuldades se impõem para os primeiros empreendedores: o cultivo demandava uma certa extensão de terras, isso sem falar das enormes despesas para a manutenção da lavoura. Mas soluções, ou melhor, arranjos foram criados. Quanto ás terras, podia-se tomá-las (uma vez que a legislação sobre terras devolutas no Vale era praticamente letra morta) ou comprá-las (grande colaboração a esses empreendedores foi a Lei de Terras de 1850 que permitia a posse de terra somente á aqueles que possuíssem determinada renda, restringindo assim o acesso a terra para setores mais populares).A maior dificuldade para a implantação do café no Vale veio do tempo relativamente longo (5 anos) que levava para se ter a primeira safra. A solução foi diversa: podia-se recorrer á empréstimos com parentes abastados (como mostra a pesquisa de Stanley Stein em Vassouras), bem como heranças e dotes, isso sem falar dos bancos, a maioria presente na Capital.O empréstimo, no entanto, quase nunca era totalmente pago, pois ele só aumentava no decorrer dos anos.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

História de Taubaté

Como morador e estudante dessa cidade paulista não posso deixar de explanar, mesmo que superficialmente, sobre sua história.

Taubaté está localizada no Vale do Paraíba paulista, região ladeada pelo Rio de
Janeiro e São Paulo, além, é claro, de fazer fronteira com Minas Gerais. Como
vemos, localização geográfica explica porque a história desses três grandes
estados está muito ligada com a história de Taubaté.

O contexto da fundação de Taubaté, por exemplo, está intrinsecamente ligada com a história de São Paulo. Como se sabe, a vila de Piratininga (mais tarde conhecida como São Paulo) não propiciava aos seus colonos boas oportunidades financeiras, por conta da pouca fertilidade de suas terras e distância para os portos, onde se escoava o principal e mais rentável produto da colônia, a cana de açúcar. Então, os paulistas passaram a criar alternativas. Uma delas era a produção de marmelada ou de fumo.

O planalto paulista no momento estava ainda cheio de tribos indígenas, inclusive uma delas, a do chefe Tibiriçá, foi a que permitiu a entrada dos portugueses no planalto em 1530. Tibiriçá deu essa permissão justamente para conseguir novos aliados nas guerras contra tribos inimigas. Os portugueses aproveitaram-se da situação, não só para se expandir, mas para escravizar os prisioneiros das tribos inimigas. Por volta de 1590, quando os índios do litoral que organizavam grandes ataques aos povoados do planalto e os que ali habitavam mas se opunham a presença estrangeira lá são vencidos, os colonos deixam de ser simples aliados para intensificarem as guerras contra os índios.

Os índios escravizados não eram só vendidos aos engenhos do litoral da capitania de São Vicente ou do Rio de Janeiro, mas, a grande maioria, ficava na própria vila de São Paulo executando serviços domésticos, de carregamento e, é claro, rurais. No século XVII essa massa de escravos será usada na lavoura de trigo, incentivada pelo governador da capitania, tornando São Paulo uma das grandes produtoras regionais de farinha.

Nesse contexto em que a escravid
ão indígena torna-se rentável e a expansão dos colonos começa a crescer, os índios guaianás ou guaianazes que habitavam hoje a região de Santo André fogem dos colonizadores indo para um vale e lá criando sua nova aldeia, chamada por eles de Tabiaté (taba alta ou taba verdadeira).

Num primeiro momento, as expedições de apresamento de indígenas se concentrará no sul da colônia (região do atual Paraguai - na época já pertencia á Coroa espanhola, porém as fronteiras com a colônia portuguesa não eram tão bem definidas) por causa das facilidades encontradas para chegar até lá (devido á junção de Portugal com a Espanha na União Ibérica), o interesse dos paraguaios em criar um novo comércio e a "docibilidade" dos índios já aculturados das Reduções jesuítas. A oposição dos jesuítas não bastou para que devastassem a Redução de Guaíra, por exemplo.

No entanto, com o fim da União Ibérica e o favorecimento da Coroa á causa dos jesuítas, os paulistas tem que se voltar agora ás regiões próximas onde ainda existem muitos índios, no caso o Vale do Paraíba. É nesse segundo momento que os bandeirantes por aqui passam fundando vilas e aprisionando índios, principalmente os guarulhos e guaianazes que aqui se estabeleceram fugindo deles no planalto paulista.

Fonte: A História de Taubaté Através de Textos, Antonio Carlos Argôllo de Andrade e Maria Morgado de Abreu, 1 ed., Taubateana, 1997.As vilas eram fundadas quando certo bairro crescia muito economicamente e demograficamente. A vila de São Francisco da Chagas de Taubaté foi fundada na década de 1640 pelo bandeirante Jacques Félix por esses requisitos e para se tornar uma espécie de ponta-de-flecha para o sertão, onde os índios se estabeleceram para fugir deles. Cria-se o Caminho Velho de São Paulo então, atendendo a rota das bandeiras, no qual Taubaté figurava.

Taubaté já era um local bem populoso. Existiam muitos caboclos já vivendo ali com suas roças, numa economia de subsistência. A cana é ali introduzida por iniciativa de algum deles e aqui ela encontra a fertilidade que o Planalto não tem e a extensão de terras que não tinha em São Vicente. A economia açucareira começa a crescer em Taubaté, ao lado da economia de subsistência, em 1680 (periodização criada com base nos inventários de testamentos pesquisados por Maurício Martins Alves), porém, em 1695 ou 1696, acha-se ouro no sertão dos Cataguás (atual Minas Gerais), segundo alguns, graças á Antônio Rodrigues Arzão, bandeirante taubateano.

Logo se lançam todos aqueles que queriam enriquecer fácil á procura do ouro e da prata. Não é de se surpreender que quase todos os recursos da lavoura açucareira em Taubaté são drenados para a mineração no sertão, incluindo a mão-de-obra escrava e os seus proprietários. Os comerciantes passam a enriquecer fornecendo mulas e alimentos (mandioca e feijão, principalmente) para os aventureiros das Minas. Taubaté se torna uma espécie de entreposto, uma vez que tanto os caminhos usados pelos paulistas (entre eles o Caminho Velho de S. Paulo, o Caminho Novo e o Caminho de N. Senhora da Piedade) como o Caminho da Serra do Facão (criado pelos índios do litoral e agora usados pelos cariocas para chegar á Minas) passam por Taubaté antes de penetrar no sertão.

Portugal estava no meio de uma crise econômica: saira de uma guerra contra a Espanha para reconhecer sua independência, perdera o monopólio do açúcar para os holandeses e os portos exportadores de escravos, momentaneamente, para os holandeses e ingleses, além de estar sendo espoliada pelos ingleses, graças a um acordo comercial com eles para que estes reconhecem a indepedência de Portugal em troca de certas vantagens comerciais. Ou seja, Portugal estava sobrevivendo somente com o dinheiro dos impostos de sua colônia. De repente surge o ouro no sertão, a solução para os problemas financeiros de Portugal. Logo a Coroa fará de tudo para controlar a mineração e a arrecadação de impostos.
Faz parte dessa medida a criação das Casas de Fundição, lugares onde o ouro era fundido legalmente pela governo, e as Casas de Quintos, onde esse ouro era legalizado.Por sua posição estratégica no caminho de ida e volta para Minas, Taubaté sedia uma Casa de Quintos, em 1695, e uma Casa de Fundição em 1697, a primeira do Brasil. O metal era enviado ao rei através do Caminho da Serra do Facão (região de fronteira entre Cunha e Parati atualmente) que levava o ouro até os portos do Rio e Parati. Aí esse caminho adquire o status de Caminho Real.
No entanto, o rei determinaria que a Casa agora passassem a ser aparelhadas por uma máquina de cunhar. O problema estava em transportar essa pesadíssima e frágil máquina até Taubaté subindo a Serra do Facão, região íngreme e irregular. Logo a máquina não passou de Parati. O capitão-mor da cidade pede para criar uma Casa de Fundição em Parati, já que a máquina já está lá, e em 1704 o rei o atende, despachando uma carta régia que extingue a Casa de Fundição de Taubaté e funda a de Parati.
Os paulistas, com a distância da Casa de Fundição, puderam se aventurar mais nas minas agora. No começo do século XVIII um conflito já havia sido desencadeado justamente porque os paulistas reinvindicavam para si o direito de explorarem as minas, em detrimento dos portugueses e baianos, chamados pejorativamente de "emboabas" pelos paulistas. Essa é a Guerra dos Emboabas (1707-1709), ocorrida no território das minas. O episódio mostra a fragilidade da Coroa; esta decide reformular a Capitania de São Vicente na Capitania de São Paulo e Minas de Ouro em 1709 e instituir um governo rígido.
No entanto, os paulistas continuaram clandestinamente a explorar exageradamente as minas. O rei não vê outro meio de controlar as riquezas minerais senão impedir que os paulistas continuem explorando-as; nesse contexto é Capitania de Minas Gerais se separa da de São Paulo, esta agora passa a fazer parte da Capitania do Rio de Janeiro. A nova capitania contava com um esquema de fiscalização rígido unido a uma política de isolamento forte. Faz parte desse sistema de controle a proibição, informal, do desenvolvimento de outras atividades além do ouro e, a partir de 1725, dos diamantes. A capitania será abastecida por produtos provenientes de outros locais, como Taubaté, como veremos a seguir.
Com o fim do "ciclo" da mineração, por volta de 1710, a cana de açúcar volta com força total e atinge seu auge. É importante salientar que os engenhos de Taubaté, como as fazendas de trigo de S.Paulo, eram sustentadas pela mão-de-obra escrava indígena, portanto, quando aumenta-se o fluxo de escravos aprisionados, aumenta-se a produção de açúcar. O aumento do apresamento de índios se deve á expedições destinadas á uma parte mais ocidental do sertão (que hoje engloba Goiás, Mato Grosso e Tocantins), no entanto, depois de aprisionar a maioria das tribos as sobreviventes foram mais para o norte, tão longe que as bandeiras para lá passaram a ser custosas demais. Une-se á esse fator a imposição da Coroa aos colonos dos custosos escravos africanos. Assim, portanto, após esse rápido auge, paralelo com o fluxo de escravos, vem o declínio do açúcar na década de 1720.
Porém, isso não impediu á aqueles grandes senhores de engenho que guardassem um pouco dos seus lucros e os usasse para investir na compra de escravos africanos. Os engenhos muito lentamente começam a ser sustentados pela mão-de-obra escrava africana. Ajuda nessa transformação a descoberta dos portos de Ubatuba e Parati como pontos de tráfico de escravos em potencial na metade do século XVIII.
Portugal enfrenta nova crise no século XVIII, agora recorrente da queda das remessas de ouro e diamantes, da sua política comercial com a Inglaterra, que recebia quase todo o ouro do Brasil através do Tratado de Methuen, e da falta de incentivo á indústria nacional. Nesse contexto é que surge a figura de Sebastião José de Carvalho e Melo, o futuro Marquês de Pombal. Na condição de primeiro-ministro ele vai impor uma política nova para a Colônia, de modo que a Coroa conseguisse mais lucro com ela aumentando sua produtividade.
Entre outras medidas, expulsou os jesuítas do Brasil, tentou definir as fronteiras da Amazônia, instituiu novas espécies de impostos e etc. As que nos importam no momento são: a reativação da Capitania de São Paulo e a nomeação de D. Luís Antônio de Sousa Botelho Mourão (o famoso Morgado de Mateus) como seu governador. Ficou impressionado com a riqueza do Rio de Janeiro e com a pobreza de São Paulo. Parte de sua política para aumentar a produtividade de São Paulo foi incentivar novas técnicas na precária agricultura local, como o arado, e a criação de vilas para reunir os "vagabundos" e suas famílias em volta da lavoura.
A primeira medida não deu bons resultados, a segunda, porém, logrou e muito: com a Lei dos Sítios Volantes de 1766, que fundou essas pequenas comunidades, a população dispersa pode ser melhor distribuída e portanto melhor controladas pelo governo, além é claro de estimular a agricultura.
Nessa época surgem as vilas de São José da Paraíba (hoje São José dos Campos) e São Luiz do Paraitinga, inaugurando uma nova fase da colonização do Vale. Taubaté continuou na produção de cana, ainda que em pequena escala, se manteve quase constante até o final do século.

Caminhos da História

O mais difícil em se criar um blog sobre História é ser original no título; já tentei de tudo: Historiando, cantinho da História, fazendo História, História como le gusta, mas, segundo o verificador de disponibilidade de nomes, todos já foram usados. Isso até que me deixa um pouco feliz, afinal isso significa que existem muitas páginas da web destinadas á divulgação da História, bem, pelo menos é o que me parece.
Esse blog se destina a ser mais uma dessas. Aqui falaremos sobre os diversos caminhos da História, mas desde já avisamos que os nossos preferidos, principalmente para flanar, sejam a História Regional e do Brasil Contemporâneo. Apresentaremos, infelizmente com alguma irregularidade no quesito de média de publicações, artigos, estudos e principalmente pontos para reflexão sobre a História.
Agradeço desde já pela preferência e espero que gostem do conteúdo aqui produzido.