sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Tchau, Alfredo

Na rodoviária o espaço-tempo toma uma forma estranha. Estava esperando meu ônibus quando uma senhora bem idosa puxa assunto e fala que precisa de qualquer jeito ir para São Francisco de Itabopoana.
-Ele tá demorando muito a chegar.
-Qual o horário dele?
-10h30.
-Senhora, já são 12h20.
-Ah, isso é o horário de verão, Alfredo (ela me chamava assim).
Depois de convencê-la a se informar com o pessoal da Macaense, ela volta mais disposta:
-É que ele sai de lá 10h30 e chega aqui 12h30.
De repente, ela encontra uma amiga:
-Tu acredita que eu e o meu neto (apontando para mim) estamos aqui esperando desde 8h?
Chega o ônibus para Niterói:
-Esse que vai pra Itabopoana?
-Não, esse é Niterói.
-Tem certeza, Alfredo?
-Tenho.
Chega o ônibus para Cabo Frio:
-Motorista, será que você pode desviar o caminho só um pouquinho? É que eu e o meu marido (apontando para mim) estamos muito atrasados.
Chega o ônibus para Itabopoana:
-Tchau, Alfredo. Mande lembranças ao papai.
-Tchau. Mando sim.
E assim eu fui irmão, marido e neto de uma senhora em menos de 50 minutos.

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